Sem as mulheres, o mundo do vinho perderia seu brilho. De acordo com a famosa crítica e escritora inglesa Jancis Robinson, esta é a década da “feminilidade do vinho”.
Nos Estados Unidos, as mulheres atualmente representam 57% dos consumidores de vinho e controlam US$ 4,3 trilhões dos US$ 5,9 trilhões do gasto anual na categoria. Por outro lado, apenas 10% dos produtores de vinhos da California são mulheres. No Brasil, a presença feminina liderando projetos vinícolas ainda é pequena. Desde 2004, a Associação Brasileira de Enologia (ABE) elege o enólogo do ano e em 16 anos nenhuma mulher ocupou esta posição, apesar de ter em seu quadro 62 associadas de um total de 310 membros. Um cenário mais positivo está entre os sommeliers. Na ABS-RS, dos 354 formados em 10 turmas, 136 são mulheres (38% do total), entre elas a primeira e a melhor sommelier do RS, Deisi da Costa, de 30 anos, eleita em 2019.
As mulheres têm um relacionamento diferente com o vinho em relação aos homens?
Essa divisão de gênero não tem nada a ver com a capacidade de provar ou escolher vinhos. “As mulheres têm grandes habilidades de degustação, realizando com mais precisão e consistência as suas análises”, aponta Jancis Robinson. Ela destaca que, de acordo com a empresa de pesquisa Nielsen, cerca de sete garrafas em cada 10 vendidas nos onipotentes supermercados britânicos são compradas por mulheres. Mais importante é que as mulheres estão se tornando ótimas líderes nessa indústria, rompendo estereótipos e conquistando posição de destaque, seja como enólogas, sommeliers e até mesmo como masters of wine ou master sommeliers. Mas o efeito das mulheres no vinho está longe de ser limitado ao grande mercado. A taxa de sucesso das mulheres nos exames de qualificação Master of Wine já é maior que a dos homens e dos 395 mestres of wine, vivendo em 30 países diferentes nos 5 continentes, 138 MW são mulheres.
Entre elas, está Jancis Robinson, a mulher mais importante do mundo do vinho da atualidade, uma das responsáveis pela seleção de vinhos da rainha da Inglaterra. Jornalista, ela foi a primeira mulher, então fora do negócio do vinho, a obter o título de Master of Wine.
As mulheres e o Champagne
A presença feminina no Champagne é prova disto. Embora a região continue sendo dominada por homens, sua história é pontuada por fortes figuras femininas como a de Barbe Nicole Clicquot Ponsardin, a Veuve Clicquot. Viúva aos 27 anos, em 1805, assumiu o controle da vinícola do marido, lutou para transformar a pequena empresa familiar em um grande negócio e foi uma das primeiras mulheres a liderar um império comercial internacional. Fez do produto que vendia um sinônimo de luxo e tornou-se uma lenda na França. Na sequência, outras grandes mulheres deixaram suas marcas, como Louise Pommery, uma das pioneiras em elaborar um champagne brut em 1874 percebendo o gosto dos Ingleses por uma bebida mais seca e Lily Bollinger que soube equilibrar tradição com a modernidade. O futuro é promissor e segundo a BBC, 60% dos estudantes de enologia de Champagne são mulheres.
Então, faz diferença se o champanhe é feito por mulheres? "Claro!", diz Francoise Peretti, diretora do UK Champagne Bureau, que promove e educa sobre o champanhe: "Elas são mais intuitivas e mais atentas ao aroma e ao sabor - e talvez mais curiosas, mais ousadas". "As mulheres estão mais conscientes dos delicados sabores do champanhe", diz Sophie Signolle, presidente da Comissão de Produtores de Champagne. "O nariz e o palato delas têm mais sutileza."
No Brasil, tradicionalmente um grande produtor de borbulhas, a presença feminina deve aumentar à medida que o mercado cresça e se fortaleça junto com esta nova geração de enólogas, sommeliers e empreendedoras. A boa notícia é que atualmente um dos cargos mais importantes do mundo do vinho, a presidência da OIV (Organização Internacional da Vinha e do Vinho) é ocupada pela brasileira Regina Vanderline.
Autora:
Andreia Gentilini Milan
Diretora financeira da ABS-RS
Parabéns, Andréia Milan. Bela matéria sobre as mulheres no mercado de Vinhos 🍷
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